Hoje, passados 25 anos, resta a gratidão | “Memórias do Campo de Férias da Igreja de São José”
Fotos: Ana Paula | Grupo Facebook "Amigos dos Campos Ferias - Hoje, passados 25 anos, resta a gratidão.
Texto: Joaquim Sousa Pinto
Já lá vão 25 anos desde que o Campo de Férias da Igreja de São José, no Bairro da Boavista, chegou ao fim.
Mas as memórias continuam vivas, tão nítidas como se tudo tivesse acontecido ontem.
Fui testemunha de uma das experiências mais bonitas da minha infância.
Durante quinze dias, vivíamos as melhores férias que qualquer criança poderia sonhar.
Esperávamos o ano inteiro, com a esperança de que os nossos pais conseguissem juntar os 10 euros (os antigos 2 mil escudos), para que pudéssemos ir de férias com os amigos.
O meu número era o 25, e todas as minhas roupas estavam marcadas com ele.
Lembro-me bem daquele momento em que víamos o camião a ser carregado. Nós, miúdos, queríamos sempre ajudar, só para que o tempo passasse mais depressa.
As roupas iam em sacos pretos, entregues no salão paroquial, e era ali que começava a magia.
Depois vinha o momento mais esperado: a viagem de autocarro.
Demorava horas, mas ninguém se importava, a alegria era tanta que o tempo parecia voar.
E quando chegávamos, tudo estava pronto: as tendas montadas, o refeitório preparado, e uma equipa de voluntários à nossa espera, de braços abertos e corações gigantes.
Recordo com carinho tantos nomes que marcaram a nossa história:
Ana Paula, Agostinho, Amaro, Vítor, Zé Carlos, Ana Luísa, Luísa da Xica, Anabela, Manuel Guedes… e tantos outros que ofereceram o seu tempo e o seu amor, tratando-nos como se fôssemos da família deles.
As caminhadas até à praia, as caças ao tesouro, as idas a Évora, as corridas com o Coita para ir buscar o pão, o ovo panado naquela deliciosa sandes, os piolhos (sempre bem tratados na “farmácia”), os concursos, a noite do fogo, as apresentações e cantares, os banhos à militar do Zé Carlos, as madrugadas de gargalhadas nas tendas, a missa de domingo com o padre Agostinho, a ginástica antes do pequeno-almoço, e até as idas à farmácia, nem que fosse só para chatear o enfermeiro Zé Carlos ou ajudar a Mimi na cozinha.
Tudo isso fazia parte de um tempo especial, em que a amizade, a partilha e a solidariedade eram o centro de tudo.
Mais do que um campo de férias, foi uma escola de vida, onde aprendemos a respeitar, a ajudar e a sorrir com o coração.
Hoje, passados 25 anos, resta a gratidão.
Gratidão a todos os que tornaram possível essa experiência que marcou a infância de tantos de nós.
E um agradecimento especial à Ana Paula, pela forma como manteve viva essa chama, pela sua solidariedade, dedicação e empatia com todos.
Obrigado a todos vocês, que deram tantas alegrias e construíram memórias que o tempo nunca apagará.
O Campo de Férias da Igreja de São José pode ter acabado, mas vive em cada um de nós que lá esteve, nos risos, nas histórias e nos laços que ficaram para sempre











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